A prisão preventiva do ex-ministro
da Casa Civil não é apenas decisão arbitrária, sem provas e motivos
razoáveis, o que já bastaria para ser fortemente questionada.

O juiz Sérgio Moro deu guarida à
tese da ilegalidade dos contratos de consultoria da JD Associados com
empreiteiras ligadas a Petrobras, no valor de R$ 9,5 milhões em oito
anos, porque dois réus confessos, em troca de eventuais benefícios,
Milton Pascowitch e Júlio Camargo, afirmaram se tratar de propinas
disfarçadas.
A questão central é entender os motivos que levam Moro e seus aliados por um caminho que afronta garantias constitucionais.
Sinais de manobra política são evidentes.
Como já havia ocorrido com a
detenção de Joao Vaccari, a nova reclusão do principal líder da história
petista, depois de Lula, é efetivada praticamente às vésperas do
programa nacional do PT ir ao ar, o que está previsto para o próximo dia
6.
Também serve de combustível para as manifestações da direita, convocadas para 16 de agosto.
Um terceiro objetivo igualmente
sobressai: tirar Eduardo Cunha do centro das denúncias, arrastando o PT e
os governos Lula-Dilma para a linha de tiro, mais uma vez usando José
Dirceu como símbolo e alvo.
O mais importante, porém, é que a
prisão do ex-chefe da Casa Civil foi anunciada pela Procuradoria-Geral
da República e pela Polícia Federal através de narrativa que dá cavalo
de pau na caracterização da Operação Lava Jato.
Antes, a explicação predominante era
que se tratava de cartel empresarial na Petrobras, pagando suborno para
diretores da empresa e fazendo repasses clandestinos para partidos
políticos.
Agora, na versão dos procuradores,
fala-se de esquema criado pelo primeiro governo Lula, sob o comando de
José Dirceu, para comprar apoio parlamentar. Uma espécie de segundo
“mensalão”, digamos.
Não precisa de muito esforço para
registrar que estamos diante de sorrateiro enredo, cuja meta essencial é
desgastar o ex-presidente da República e, talvez, levá-lo aos tribunais
e à prisão.
Possivelmente não irá demorar para
ser apresentado o próximo capítulo: se José Dirceu, então ministro,
montou o suposto “esquema de propina”, que teria sobrevivido depois de
sua saída do ministério, quem teria ordenado a continuidade da operação?
Perguntarão os roteiristas da Lava Jato e seus apaniguados: quem seria o chefe do chefe?
Os abutres da oposição de direita, aliás, já surfam nesta onda, arremessando contra Lula e Dilma.
Se o governo e o PT não saírem da
pasmaceira e continuarem a validar, com a cabeça debaixo da terra, os
movimentos da República de Curitiba, claramente comprometidos com as
forças mais conservadoras do país, logo será tarde demais para defender o
processo de mudanças iniciado em 2003 e seu líder histórico.
A política aceita quase qualquer coisa, menos a humilhação de quem decide, por covardia ou erro de cálculo, perder sem lutar.
Assim funciona a industria da corrupção no Brasil. Onde vamos parar? fonte: http://www.brasil247.com
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