quarta-feira, 11 de abril de 2012

"Mensalão": farsa contra o governo Lula

O "Domingo Espetacular" da Rede Record veiculou, no domingo (8), uma reportagem que lança luzes sobre a construção dos primeiros momentos da farsa do chamado "mensalão".



Paulo Henrique Amorim, âncora do programa, entrevistou o ex-prefeito de Anápolis pelo DEM, Ernani de Paula. Ele acusa o bicheiro Carlos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (ex-DEM) de estarem por trás de acusações que provocaram a crise do governo Lula, em 2005, iniciada com a divulgação de vídeos gravados com cenas de achaques e propinas.

Segundo Ernani, vídeos gravados pela equipe de Cachoeira, entre os quais um que mostra o empresário de jogo e Waldomiro Diniz negociando propina, divulgados em 2004, foram gravados dois anos antes, quando Diniz nada tinha a ver com o governo Lula (que ainda nem existia, nem tomara posse) e era vinculado a Loterias do Estado do Rio de Janeiro (LOTERJ).

Ainda assim foram usados naquele momento do primeiro governo Lula de forma descontextualizada e com o objetivo de desestabilizá-lo. Cachoeira está detido no presídio federal de segurança máxima de Mossoró (RN) Brasília por conta das investigações da Operação Monte Carlo da Waldomiro Dinizsobre os jogos de azar no país. É formalmente acusado por esta contravenção.

Cachoeira forjou vídeo do mensalão para se vingar de Dirceu

O ex-prefeito da cidade goiana de Anápolis, Ernani José de Paula, afirmou neste domingo (9), em entrevista ao jornalista Paulo Henrique Amorim, no programa Domingo Espetacular, que o vídeo que deu origem ao escândalo do mensalão, em 2003, foi obra do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Segundo o ex-prefeito, o objetivo da gravação seria uma represália contra o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, que teria vetado o nome do senador Demóstenes Torres para um cargo no Ministério da Justiça.

O vídeo mostra o funcionário público Maurício Marinho, à época chefe de um departamento dos Correios, recebendo suborno de R$ 3 mil. O incidente acabou levando o ex-deputado Roberto Jefferson, cujo partido (PTB) comandava os Correios, a denunciar o escândalo do mensalão.


O ex-prefeito de Anápolis afirma que também teria sido vítima da ira de Cachoeira. Ernani diz que sua cassação, em 2003, foi deflagrada depois que ele desagradou o grupo de Carlinhos Cachoeira. Leia abaixo trechos da entrevista:


Paulo Henrique Amorim: Como foi feita a fita em que um funcionário dos Correios recebe uma propina de alguém que se passava por um empresário do Paraná e estava interessado em uma concorrência dentro dos Correios?
Ernani José de Paula: Essa fita foi produzida pela equipe do Carlos Cachoeira. Que fez essa fita para poder criar uma confusão e ser publicada, como foi. Porque a fita do Waldomiro já tinha sido entregue (à Veja) através de um senador do Mato Grosso e detonou um processo de corrupção dentro do palácio com essa fita do Waldomiro. Então esse processo todo foi criado. E não foi o mensalão, aquela ideia de que a gente tem do mensalão de que todos os deputados receberam todos os meses. Tanto é que isso não aconteceu. Tivemos um ou outro, enfim… Mas pegaram ícones para que pudessem pegar o governo logo em seu início e enfraquecê-lo.

PHA: A versão que existe é de que a fita dos Correios teria sido feita por um empresário, um suposto empresário do Paraná, que queria participar de uma concorrência. Quem fez na verdade a fita dos Correios na sua opinião?
Ernani José de Paula: Na minha opinião foi feito por essa equipe do Carlos Cachoeira.

PHA: Quem?
Ernani José de Paula: O nome não me recordo... São pessoas que saíram do serviço secreto de Brasília, de espionagem, dessa coisa toda, e estão aposentados, sem ter o que fazer, ficam espionando a vida de todo mundo.

PHA: Essa reportagem descrevendo esse esquema de corrupção e essa propina dos Correios foi publicada na revista Veja por um jornalista chamado Policarpo. O senhor sabe se o Policarpo tem ligações ou tinha ligações com o Carlinhos Cachoeira?
Ernani José de Paula: Eu o encontrei uma vez dentro de sua empresa em Anápolis chamada…. (Vitapan), uma indústria farmacêutica ali no distrito agroindustrial.

PHA: O senhor encontrou o Policarpo em uma empresa do…
Ernani José de Paula: Do Carlinhos Cachoeira, sim. E o Carlinhos Cacheira disse que ele tinha vindo para conversar com ele. Eu me retirei. Fui embora. Eu perguntei quem era. Ele falou quem era.

PHA: Que ligação o Carlinhos Cachoeira tem com o senador Demóstenes Torres?
Ernani José de Paula: Eles são bastante amigos e hoje, me parece, sócios, né. Porque tudo o que a imprensa tem dito. As fitas gravadas, os recursos. Enfim. Parece que aí há uma sociedade deles.

PHA: Existe a versão de que o senador Demóstenes era candidato a um cargo muito importante, o cargo de secretário nacional de Justiça, no Ministério da Justiça, no governo Lula, e que esse cargo daria a ele a oportunidade por exemplo para lutar pela legalização do jogo no Brasil…
Ernani José de Paula: Exatamente. Como lutou. Teve um trabalho no Congresso nesse sentido.

PHA: E ele não foi aceito para ocupar essa função?
Ernani José de Paula: Não. Essa negociação política, eu fiquei sabendo de bastidores, até por um deputado federal lá do meu estado. Ele (Demóstenes) estava cotado, e estava muito chateado porque teria de sair do partido (PFL), se tornando aí uma pessoa importante, um novo líder, talvez. … E depois isso esfriou e não andou e aquela coisa toda… Então veio ali do Palácio, da Casa Civil, algum tipo de veto, alguma coisa que incomodou ou deixou esse pessoal incomodado. Porque era um cargo importante, né.

PHA: Nessa interpretação, o senador Demóstenes estaria, nesse episódio dos Correios, se vingando do veto do Zé Dirceu?
Ernani José de Paula: Claro, claro. Você vê, eles estavam juntos desde o início, nós estamos sabendo pela imprensa, pelas escutas da Polícia Federal. Não tenha dúvida de que nós tivemos aquele varejo, nós tivemos a parte política que deu o start, no Congresso, no Senado, nós tivemos a mídia, e depois tivemos outras pessoas que foram acionadas de acordo com a necessidade para dar andamento e crescimento nesse tal do mensalão, nessa CPI.

Com informações do Conversa Afiada

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