quinta-feira, 30 de abril de 2009

Um povo que reconhece quem luta com eles.

África do Sul comemora Dia da Liberdade 15 anos após o fim do apartheid
Dia lembra a posse de Mandela e uma nova vida para os negros. Apartheid durou aproximadamente quatro décadas.
Ainda eufóricos com a vitória de Jacob Zuma nas eleições presidenciais da África do Sul, os partidários do zulu também comemoraram nesta segunda-feira (27) o Dia da Liberdade.
A data relembra o dia em que Mandela subiu ao poder em 27 de abril de 1994 introduzindo a democracia em uma política que desprezava a cidadania dos negros. Apesar de compartilharem a mesma nacionalidade, havia o apartheid, que transformou em lei o regime de segregação mais cruel dos últimos tempos.
Nos primeiros anos da União Sul-Africana ainda não existia o apartheid, mas os descendentes dos colonos já promulgavam leis para garantir o poder sobre a população negra. “No início do século XX o cenário já era esse, mas a partir de 1948, quando o Partido Nacional (dos brancos) tomou o poder, a segregação virou lei”, relembra Carlos Duarte, angolano especialista em cultura africana. Era uma nova decisão política e nada consensual que mudaria para sempre o rumo do país. “Para manter os negros isolados, foram construídos bantustões, os estados “independentes”, com quase nada de saneamento e eletricidade”, descreve.
O apartheid (que significa separação) permitia que os negros circulassem apenas com um passe. “Era terrível. Os negros não podiam andar pela cidade onde nasceram. Os banheiros, os restaurantes, lojas e outros estabelecimentos não permitiam a nossa entrada. Imagina você não poder usar um banheiro, comprar um sanduíche só porque é negro”, conta Eric Sipeta, de 35 anos, explicando como era a vida antes da liberdade. E a desigualdade não parava por aí. Quando os sul-africanos precisavam de atendimento médico, brancos eram atendidos em hospitais com padrão europeu, enquanto os negros sofriam com a falta de recursos. Antes de chegar ao hospital, uma ambulância branca jamais levaria um negro, mesmo que o estado fosse grave.
“A vida era assim mesmo. Os brancos tinham direito a tudo e, nós, o dever de obedecer. É por isso que hoje é tão importante para nós. Simboliza a conquista de Mandela por uma vida mais justa para os negros”, falava o sul-africano, enquanto dirigia uma van que transporta passageiros da área nobre da Cidade do Cabo ao centro. Após 46 anos, a revolução sul-africana daria aos negros tudo o que eles ficaram restritos. O esforço mundial e, especialmente, do líder negro Nelson Mandela e do último presidente sul-africano branco, Frederick de Klerk, derrotaram em 1990, o apartheid. Mas antes de Mandela assumir o poder em 1994, a África do Sul ficou um país sem lei, recorda o pesquisador Carlos. “Era a situação ideal para o surgimento da bandidagem aberta, mas a liderança do Mandela conseguiu conter esse banditismo e, finalmente, no dia 27 de abril de 1994, os negros se libertaram do racismo”, recorda o angolano sobre a posse de Mandela. “Eu era adolescente quando vi o regime aprisionar muita gente, inclusive, a minha família. Não tínhamos direitos. O fim do apartheid nos deu uma vida nova que ficou marcada quando os negros subiram ao poder”, conta Nosipho Prtambi, 32 anos, comemorando o Dia da Liberdade bebendo cerveja com os vizinhos. Feliz da vida com a eleição de Zuma para a presidência e com a nova casa (presente do governo), Nomandla Bharroyi, 27 anos, acredita que a vida só vai melhorar. “Hoje o governo olha por nós. Comemoramos a nossa liberdade pensando em uma vida melhor, em um futuro gratificante para as próximas gerações”, fala Nomandla posando para a foto em frente à casa, em Khayelitsha, (área mais pobre da Cidade do Cabo com mais de um milhão de habitantes). Ela não tem emprego, mas isso não a preocupa porque, para ela, os políticos vão ajudar os negros. “Eu não trabalho, mas tenho uma vida boa aqui. Olha!”, sorri, apresentando os três cômodos da residência, que para a realidade de Khayelitsha (com milhares de barracos de zinco e papelão), é, sem dúvida, uma boa casa. Apesar da ausência de qualquer entretenimento organizado para comemorar o feriado nacional, as pessoas encontravam uma forma de diversão. As crianças optaram pela bola e correram logo cedo para o campo jogar o esporte favorito dos negros sul-africanos: o futebol. Para os adultos, nada de show, música, cinema, teatro. Não há nem sinal de coisa parecida na township. Para comemorar o dia “free”, eles madrugaram e compraram algumas garrafas de cerveja.

“Estamos aqui comemorando os novos tempos. Felizes com o resultado das eleições e felizes por hoje”, diz Nosipho Prtambi que também está desempregada. Em um bar improvisado com uma mesa de sinuca ela e os vizinhos passavam o tempo. Do lado de fora, porque no bar não cabiam todos, um pequeno grupo brindava a liberdade. “Viva a nossa liberdade, viva Mandela e a uma nova África do Sul para os negros”, diziam em xhosa.

E aos noventa e um anos Nelson Mandela fez questão de sair de sua residência mesmo com a saúde debilitada para exercer seus direitos democraticos que duramente lutou por ele. O exemplo de vida desse homem, bem com sua luta serviu para que a África do Sul fosse parâmetro de um País que sabe dar a volta por cima e encontrar novas alternativas para seu crescimento. Dia 26 de abril desse ano fez pelo quarto mandato consecutivo a presidência da nação e também a maioria no congresso. Viva a liberdade!

3 comentários:

  1. WOw, love your blog! It is really cool! I don't understand spanish, but it is still neat! Keep blogging!

    -Hannah

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  2. "Combati a dominação branca e combati a dominação negra.Acarinhei o ideal de uma sociedade democrática e livre em que todos pudessem viver em conjunto,em harmonia e com iguais oportunidades.Éum ideal que espero viver e que espero atingir.Mas,se for preciso,é um ideal pelo qual estou disposto a morrer"
    Esse é um pequeno pedaço de uma carta em que Mandela define com magnitude sua história.Nelson mandela é sinônimo de integridade,justiça e respeito ao ser humano.Viva a liberdade!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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