domingo, 21 de novembro de 2010

Dia da Consciência Negra é deturpado por eventos meramente culturalísticos e festivos!

O Dia da Consciência Negra em Macaé transcorre apenas como data histórica, cultural e festiva. Porém, a eterna Princesinha do Atlântico a atual capital brasileira do petróleo tem uma centenária entidade abolicionista, a Sociedade Musical Beneficente Lira dos Conspiradores. Assim como, nas cercanias rurais locais existiram lutas contra a opressão negro-escravista encetadas por quilombolas liderados pelo herói Carukango. Daí, a Lira dos Conspiradores e Carukango serem referenciais que têm a ver com o significado do Dia da Consciência Negra, uma vez ser a data de 20 de Novembro alusiva a do assassinato em 1695 do maior herói negro brasileiro, Zumbi o comandante da República Livre e Popular de Palmares (RLPP).

Em outras palavras, o Dia da Consciência Negra que é feriado em diversos estados da federação brasileira como o do Rio de Janeiro, tem como significado o exemplo de união dos oprimidos (maioria de negros mais brancos pobres e indígenas) em pleno período do Brasil colonizado e negro-escravista. Haja vista, liderada por seu comandante máximo (Zumbi) a RLPP resistiu por mais de um século, levando o então império da Coroa Portuguesa a gastar rios de dinheiro para destruí-la, inclusive com mercenários apelidados de bandeirantes. Até que em 20/11/1695, delatado pelo traidor quilombola negro do tipo chamado mulato ou pardo, Antônio Soares, Zumbi foi assassinado pelo dito bandeirante Domingos Jorge Velho.

Então, só pode considerado como provocativa deturpação de valores os eventos meramente culturalísticos e festivos que ocorrerem ao longo do país em alusão ao Dia da Consciência Negra. No caso local, isso é agravado por conta da atual capital brasileira do petróleo sofrer a dominação de 33 anos de uma burguesa oligarquia, obviamente branca e maldisfarçadamente racista. Não por outro motivo, em meados deste ano a administração burguesa e racista do oligárquico alcaide extinguiu o único órgão público municipal que disfarçava sua política racista, a Coordenadoria de Políticas para Promoção da Igualdade ‘Racial’(Corafro). O que vale dizer, o Executivo Macaense se assumiu racista em relação aos negros.

Como exceção, nós do Movimento Negro Socialista (MNS) fomos os únicos a criticar publicamente a extinção da Corafro, ainda que também esclarecêssemos que o órgão era um cabide de emprego para poucos e poucas, negros e negras, evidentemente do movimento negro macaense. Em meio a isso, reafirmamos há entidades do movimento social macaense, notadamente do movimento sindical filiado à CUT que tem praticado um equivocado sindicalismo cutista, useiro e vezeiro em descaracterizar o significado do Dia da Consciência Negra quando promove o mencionado culturalismo festivo alusivo à histórica data. Com raras exceções, ali neste sindicato erigem pelegos de novo tipo, dentre os quais, os negros e as negras.

Isso ficou patenteado quando em 2007 uma mulher negra com tal novo perfil de peleguismo abandonou sua função de diretora no aludido sindicato cutista, para assumir um cargo na administração municipal. Em 2009 essa mulher negra pelega, não se fez de rogada, apesar de demitida do cargo que ocupava, contentou-se em ser novamente nomeada, só que desta vez para um cargo rebaixado. Para não alongar, o Dia da Consciência Negra deve imprescindivelmente ser uma data de reivindicações específicas, concretas e estratégicas em relação às necessidades, anseios e interesses da massa de negros e de negras do povo trabalhador no Brasil. Por isto, inspirado nos ideais da RLPP apresento este conjunto de reivindicações:

Saúde – tudo relacionado a isto deve ser público, gratuito e ter excelência na qualidade inclusa a ocorrência de calamidade social de anemia falciforme. Educação – bibliotecas, creches, escolas e universidades igualmente públicas, gratuitas e de excelência na qualidade para todos e todas. Leis 10639/2003 e 11645/2008 respectivamente História, culturas e lutas dos negros e dos indígenas nos países do continente africano e das Américas como o Brasil ser aplicadas no ensino fundamental e médio cujos cursos de capacitação dos professores sejam ministrados por graduados de todas as correntes do pensamento didático-pedagógico. Consequentemente rejeitando as paliativas políticas de ações afirmativas inclusas as de cotas.

Reforma Agrária – imediato assentamento com apoio técnico atinente de 350 mil famílias de sem-terras acrescido de titulações as remanescentes em quilombos. Por fim, em relação ao combate ao racismo a Lei 7716/1989 (Lei Caó) urge ser aplicada através da obrigatoriedade das delegacias das Polícias Civil e Federal se infra-estruturarem de um setor especializado no qual os plantões diários de registros de ocorrências contem no mínimo com advogado, antropólogo e sociólogo.

*jornalista – é militante do MNS onde integra sua coordenação nacional.

Um comentário:

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