quinta-feira, 26 de novembro de 2009

ESTATUTO – A VITÓRIA A ELITE FUNDIÁRIA

ESTATUTO – A VITÓRIA A ELITE FUNDIÁRIA

Yedo Ferreira

Os que desde a muito são contra o Estatuto de Promoção da Igualdade Racial e agora com sua aprovação mais ainda, não podem deixar passar este momento que de maneira negativa entra para a história do povo negro no Brasil.

Quando a aprovação deste malfadado estatuto é recebida com cantoria e demonstração de alegria por negros – e negras também - de mãos dadas com representantes da elite fundiária este fato lastimável não pode ficar sem registro, afinal a história sempre severa há de julgar todos nós; os contra – que muito embora sejam contra são omissos – e os a favor, sobretudo aqueles que antes defendiam o estatuto, mas hoje medindo a dimensão desta aprovação as custa das aspirações dos quilombolas, se escondem no silêncio dos covardes.

- Como se deu a aprovação deste estatuto?

O deputado Federal do DEM/RJ, Índio da Costa, responde:

Mudamos o Estatuto da Igualdade Racial. Prossegue; “... chegamos ao limite de atrasar a votação... Por isso, nesta terça-feira, me reuni com o Ministro Edson Santos, ao lado do relator Antônio Roberto PV/MG e do deputado Onyx Lorenzoni, DEM/RS.”

- O que resultou desta reunião?

A resposta ainda é do deputado federal Índio da Costa:

“Conseguimos retirar do Estatuto as cotas de negros para empresas, escolas, FACULDADES, mestrados e doutorados;

Limitar o poder dos Quilombolas de escolher terras sem que haja prova de que os pertencem histórica e atualmente e ajustar o texto para que a justiça não tenha dúvida quanto ao interesse do legislador de que as produções de TV e cinema não tenham que ter 50% de negros e de brancos.”

O estatuto aprovado, portanto é um estatuto concedido pelos brancos latifundiários racistas que o seu preposto Índio da Costa com arrogância – sempre familiar aos seus iguais da UDR – ainda afirma que “nós democratas não votaremos favorável ao estatuto” e mais adiante conclui com desmedida prepotência que “retiramos do texto os absurdos.”

Desta afirmação de Índio da Costa, pode-se prevê que o DEM, mesmo impondo o seu ponto de vista – aceito todos eles pelos (as) negros (as) que festejaram esta aberração – ainda assim, se preciso for não votam aprovação do estatuto, mesmo agora moldado a seu feitio.

Neste sentido há de reconhecer que a grande vitória alcançou os brancos latifundiários e racistas do DEM em cima do lombo preto dos (as) negros (as) pró-Estatuto presentes na Câmara dos Deputados.

A vitória não ficou apenas sobre os (as) negros (as) que compareceram ao festim de Crono, onde os convivas eram comidos – por via oral evidentemente – pelo anfitrião, mais uma vitória imposta a todos os pró-Estatuto espalhados pelo Brasil, porem em particular a todos (as) negros (as) do Partido dos Trabalhadores juntos com os do PC do B, que desejam ardentemente que no 20 de novembro, o Presidente da República sancione este Estatuto – mesmo com os absurdos impostos pelo DEM como política de Estado para negro do Governo Lula.

A verdade é que Estatuto aprovado na Comissão da Câmara dos Deputados com demonstração explícita de alegria de negros (as) é derrota dos anseios dos quilombolas, dos negros cotistas – os favoráveis a cotas e os que delas se beneficiam diretamente – e dos artistas negros, sem contar que aspirações de outros negros não estão previstas neste Estatuto, como os que têm as favelas, mocambos e alagados como moradia e os subempregos que encontram na “camelotágem” um meio para sua sobrevivência.

A pergunta aos negros pró-Estatuto é o que pensam de um Estatuto que – segundo eles – vai fazer a igualdade entre todas as “raças”, mas no momento em que é aprovado estabelece a divisão entre os indivíduos de uma delas, justamente da “raça negra” que o Estatuto se propõe fazer iguais as demais. Aceitar como imposição do DEM, a retirada das aspirações dos quilombolas do texto do Estatuto – Índio da Costa parlamentar do DEM impôs esta condição – para a qualquer custo aprovar este Estatuto como proposta dos negros do PT, agravou mais ainda, entre a militância do Movimento Negro a divisão ideológica cuja existência é antiga. A divisão entre os Integracionistas – os que desejam a integração do negro na sociedade de classes (apenas alguns negros é evidente) e, portanto são subordinação do povo negro a um Estatuto, retirando-o da tutela da Constituição Federal e os que lutam pela libertação do povo negro, libertação do subemprego no qual se encontram e entre outras a libertação das condições de moradia em que vive.

Mas afinal o que fizeram os (as) negros (as) presentes na aprovação deste Estatuto que agora é do DEM e não mais do PT? – As “pérolas” que disseram falam por si mesmo.

Para a presidenta do Conselho de Comunidade Negra de São Paulo; “sem sombra de dúvida foi um grande avanço para nós, ativistas.” – Será que Elisa Rodrigues pensou no que falou?

Se existe avanço com este estatuto, com certeza não é para a militância negra e sim para o Partido Democrata que com o acordo feito, este estatuto troca de dono, deixa de ser dos (as) negros (as) do PT e passa a ser dos ruralistas do DEM. O Estatuto como política de Estado para negro do Partido Democrata. Elisa! Que belo avanço.

O senador do PT, Paulo Paim que como a Elisa considera um avanço se do projeto original foram retirados tudo o que demais importante o Estatuto tinha. Como o Fundo Financeiro e agora os direitos dos quilombolas e dos jovens negros que acreditam nas cotas como formas de integração na sociedade de classes.

As melhores “pérolas” faladas por aqueles (as) que não querem aceitar a realidade tem-se a da Cida Abreu, da Secretaria de Combate ao Racismo do PT que considera a aprovação deste Estatuto de fancaria, como “reconhecimento da história de luta do movimento negro brasileiro”.

A Cida Abreu sem sombra de dúvidas pela sua participação efetiva, embora invisível no processo de combate ao racismo empreendido pela militância negra, é pessoa altamente qualificada para dizer que este Estatuto é “o reconhecimento da História de luta do movimento negro brasileiro. Cida! Entre frase de ocasião e prática de luta há uma distância considerável. Por exemplo, entre as cidades de Rio de Janeiro e Miracema.

Neste festival de canto e dança, com negros e negras de mãos dadas com ruralistas da UDR/DEM, alegres cantando o “Sorriso Negro”, parlamentares do Partido dos Trabalhadores não se fizeram de rogados. A deputada federal pelo PT/SP, Janete Pietá, sacou que “queremos elogiar as políticas públicas que este Estatuto ampliará” e Carlos Santana, deputado federal pelo PT/RJ, não ficou atrás, com “considero o momento de festa e de muita esperança para o nosso povo negro”.

A atitude eufórica dos filiados do PT – dos parlamentares e dos (as) negros (as), os presentes ao ato e os ausentes em todo o Brasil – é devido o Estatuto da “Igualdade Racial” ser da autoria do senador do PT, Paulo Paim. Mas, por exemplo, se o projeto do Estatuto fosse do deputado Índio da Costa DEM/RJ, com as mudanças que ele introduziu e ainda, sem o fundo financeiro, a mesma atitude com toda certeza não aconteceria, a alegria seria substituída por esgar de raiva e muitos impropérios proferidos.

Não há como negar que esta atitude atesta que entre as aspirações da massa negra da população definida povo negro e o corporativismo partidário petista, negros e negras filiados do Partido, indistintamente ficam com o partido. Que lastima, diriam, certamente nossos antepassados.

Mas o deplorável nesta aprovação do Estatuto está na declaração de três militantes negros que se fizeram presentes no coro de vozes cantando “Sorriso Negro” e de mãos dadas com os representantes da elite fundiária, um deles, o deputado federal pelo DEM/RS; Ônix Lorenzoni que elogiou o texto aprovado e ainda, com certa arrogância afirmou que “o DEM lutou para que o Estatuto fosse mestiço como é o Brasil. Não há espaço para racionalização ou para uma nação bicolor.”

Como pode ser deduzido, mesmo com um Estatuto agora apropriado pela UDR/DEM, ainda assim para Edson França, Coordenador Nacional da UNEGRO, “a decisão (aprovação do Estatuto) reafirma a vanguarda do Brasil no ordenamento jurídico par a promoção de igualdade racial”. Uma frase como esta expressa à visão estreita de negros/negras que por não reconhecer a luta dos negros em África e na Diáspora, tem olhar que nunca vai além de seu umbigo preto. Assim, acreditam que aprovação de estatuto por si só coloca negros (as) do Brasil como os mais conscientes e combativos do mundo. Edson! Presunção é incompatível em atividades políticas e ser pretensioso não é uma atitude inteligente.

Os outros militantes não foram diferentes. O representante dos Agentes Pastoral do Negro (APNs), Nuno Coelho, a aprovação do Estatuto com as propostas do DEM/UDR, “foi um golaço do ministro Edson Santos” e para Eduardo Oliveira da CONEN,” a aprovação (do Estatuto) é uma grande vitória da luta negra”.

A nosso juízo, porém, o golaço do ministro feito na “rede do povo negro” é gol de “bola murcha” e a “vitória da luta negra” é uma vitória de Pirro.

Os negros (as) que ficaram alegres e felizes com a aprovação deste estatuto que acintosamente por ordem dos parlamentares do DEM/UDR discriminou os quilombolas, sem dúvida que a história com eles será severa no seu julgamento.

Um comentário:

  1. Feliz Ano Novo!!! Prof. Serjão

    1
    QUILOMBO O.N.N. Q 20/11/1970 -- 2010/ 40 ANOS Revolução Quilombolivariana! REQBRA
    NEGROS AFRO-DECENDENTES BRASILEIROS
    VIVA ZUMBI! BRASIL! VENCEREMOS 2011!
    Manifesto em solidariedade, liberdade e desenvolvimento dos povos afro-ameríndio latinos, no dia 01 de maio dia do trabalhador foi lançado o manifesto da Revolução Quilombolivariana fruto de inúmeras discussões que questionavam a situação dos negros, índios da América Latina, que apesar de estarmos no 3º milênio em pleno avanço tecnológico, o nosso coletivo se encontra a margem e marginalizados de todos de todos os benefícios da sociedade capitalista euro-americano, que em pese que esse grupo de países a pirâmide do topo da sociedade mundial e que ditam o que e certo e o que é errado, determinando as linhas de comportamento dos povos comandando pelo imperialismo norte-americano, que decide quem é do bem e quem do mal, quem é aliado e quem é inimigo, sendo que essas diretrizes da colonização do 3º Mundo, Ásia, África e em nosso caso América Latina, tendo como exemplo o nosso Brasil, que alias é uma força de expressão, pois quem nos domina é a elite associada à elite mundial,é de conhecimento que no Brasil que hoje nos temos mais de 30 bilionários, sendo que a alguns destes dessas fortunas foram formadas como um passe de mágica em menos de trinta anos, e até casos de em menos de 10 anos, sendo que algumas dessas fortunas vieram do tempo da escravidão, e outras pessoas que fugidas do nazismo que vieram para cá sem nada, e hoje são donos deste país, ocupando posições estratégicas na sociedade civil e pública, tomando para si todos os canais de comunicação uma das mais perversas mediáticas do Mundo. A exclusão dos negros e a usurpação das terras indígenas criaram-se mais e 100 milhões de brasileiros sendo este afro-ameríndio descendente vivendo num patamar de escravidão, vivendo no desemprego e no subemprego com um dos piores salários mínimos do Mundo, e milhões vivendo abaixo da linha de pobreza, sendo as maiores vitimas da violência social, o sucateamento da saúde publica e o péssimo sistema de ensino, onde milhões de alunos tem dificuldades de uma simples soma ou leitura, dando argumentos demagógicos de sustentação a vários políticos que o problema do Brasil e a educação, sendo que na realidade o problema do Brasil são as péssimas condições de vida das dezenas de milhões dos excluídos e alienados pelo sistema capitalista oligárquico que faz da elite do Brasil tão poderosas quantos as do 1º Mundo. É inadmissível o salário dos professores, dos assistentes de saúde, até mesmo da policia e os trabalhadores de uma forma geral, vemos o surrealismo de dezenas de salários pagos pelos sistemas de televisão Globo, SBT e outros aos seus artistas, jornalistas, apresentadores e diretores e etc.Movimento Revolucionário Socialista (Seja um,uma) QUILOMBOLIVARIANO
    O maior blog de Chávez e Chavista das Américas
    vivachavezviva.blogspot.com ** QUILOMBONNQ@BOL.COM.BR
    Organização Negra Nacional Quilombo
    O.N.N.Q. Brasil .Fundação 20/11/1970
    Por Secretário Geral Antonio Jesus Silva

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