segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Cotas - Reparação ou privilégio?

Lendo a entrevista da Drª Roberta Fragoso Menezes Kaufmann no dia 20 de julho de 2009 à agência Brasil, fui tomado novamente da preocupação do entendimento das pessoas com relação a questão de cotas raciais no Brasil. Não posso esquecer de informar que ela é a advogada do DEM (Democratas), no processo contra as cotas em Universidade pública no país.
Quando se fala em cotas raciais, temos que entender que não se fala em benefícios a grupos minoritários, até mesmo porque (nós negros somos maioria nesse país). Ao trazermos a discussão das cotas estamos falando tão somente em reparação, em dar ao povo negro o mesmo tratamento que fora dispensado a outros grupos étnicos existentes no Brasil, não podemos esquecer que: os Japoneses, Italianos e outros vieram para nosso país depois de nós, e, com a promessa e, depois cumprimento de garantias de terem terras e uma remuneração para o trabalho.
Os negros aqui chegados vieram como escravos tendo suas famílias destruídas, sendo arrancados de seus países sem nenhuma chance de negociação ou de acordo prévio. Foram sequestrados e confinados em um país estranho à eles e de forma desumana, desleal e cruel. Temos sim, de reparar aquilo que uma amiga pedagoga Rejane P. de Araújo chama de genocídio e, foi sim! Pois negros e negras foram assassinados violentamente, na travessia do atlântico, e também dentro do Brasil e nada foi feito.
Não posso negar que a Drª Roberta é muito inteligente e defende como ninguém o “não a cotas”, porém ela esquece de analisar a reivindicação como uma reparação. Não falo de reparação igual a da Alemanha, que pagou em dinheiro indenizações as vitimas e descendentes judeus do holocausto, estou falando de inclusão racial sim! Pois é dessa forma que nossos filhos irão atingir o acesso a níveis superiores de ensino. Como ela mesmo relata em sua entrevista cerca de setenta por cento dos pobres são negros, então, os mesmos não terão as mesmas condições de acessibilidade dos filhos da elite, que tem uma condição de estudo privilegiada, e sim com isso garantindo sua cota. É lamentável para um país dessa envergadura ainda estarmos discutindo se o negro tem ou não que ser integrado a sociedade de forma efetiva; o negro foi quem mais contribuiu para que o Brasil chegasse aonde chegou, e, porque ele não pode ser parte integrante para desfrutar das maravilhas que o país pode oferecer?
Concordo quando ela diz na entrevista que o modelo norte americano não serve para nós, lógico que não, até mesmo porque nos Estados Unidos, o racismo era declarado; fazendo então com que negros se protegessem. Pois, “o mal era branco”.
Lutamos por reparação e, como disse o Ministro da Promoção da Igualdade racial, o Deputado Federal Edson Santos “Por isso, é preciso tratar os desiguais de forma desigual, elevando os desfavorecidos ao mesmo patamar de partida dos demais.” É obvio que precisamos melhorar o sistema de educação do país, porém, até que essas mudanças cheguem, precisamos que nossos negros e negras sejam respeitados e tenham a condição de desfrutar do que eles plantaram e não podem colher.
A sua participação e entendimento do assunto é importante, por isso, entre e deixe seu comentário.

4 comentários:

  1. Serjão, vejo que a política de cotas é uma forma de corrigir uma distorção do sistema de ensino. Todavia, acredito que não se deve criar cotas somente para negros, mas para os menos favorecidos de nossa sociedade, seja negro ou branco ou índio ou pardo.

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Rosilaine, acredito que a parcela da sociedade menos favorecida seja em sua maioria de negros e pardos, mas também existe pequena parcela dos ditos "brancos". Por isso, a política de cotas para essa parcela da sociedade seria mais justa PARA TODOS do que somente para negros.

    ResponderExcluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir

Dia Internacional Contra a Discriminação Racial!

Hoje Dia Internacional contra a Discriminação Racial.  Num momento em que vivemos ataques raciais diários em nosso país e em todo mundo...